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MINHA VIDA, MEUS CORDÉIS

Versos e rimas populares - II


Aquilo que é da gente
É certo que o bicho não come
Quem namora mulher feia
Não tem medo que ninguém tome
Mas quem namora mulher bonita
Não confia na bendita
Leva chifre e passa fome

Quando eu tinha quinze anos
Namorei uma garotinha
A coitada era tão magra
Que nem bumbum ela tinha
Uma coisa eu vou avisar
Quem pretende se casar
Que case com uma gordinha

Se beijo desse sapinho
Minha boca era uma lagoa
Eu beijo mulher novinha
Mas não dispenso a coroa
Só bebo da marvada pinga
Quando de noite respinga
Ou quando eu sei que ela é boa

Cavalo pra ser forte
Tem quer ser um garanhão
O touro quando é valente
Derruba o vaqueiro no chão
Banana não tem caroço
Sapo não tem pescoço
Mulher loira é perdição

Morena, tu tens o cheiro da rosa
Mas o cravo é mais cheiroso
Gosto de te beijar na face
Mas na boca é mais gostoso
Por ter uma beleza infinita
Casar com mulher bonita
Levar chifre é perigoso

Meu chapéu é de palha
Meu chicote é de couro
Minha espora é de prata
Minha fivela é de ouro
Mulher morena é fogosa
Mas sei que a mais perigosa
É a que tem cabelo loiro

Se mulher fosse dinheiro
Eu vivia pedindo esmola
Se mulher fosse chuva
Eu jogava o telhado fora
Mas o destino não me ajudou
Minha mulher me abandonou
Só sobrou pinga e viola

A folha da bananeira
De verde ficou madura
Quem namora mulher casada
Não tem a vida segura
O seu destino sempre será
Cada vez se aproximar
Do buraco da sepultura

Eu conheço uma cidade
Esta cidade nunca reluz
De dia sempre falta água
De noite sempre falta luz
De uma coisa não posso exigir
Mas se uma virgem lá existir
É milagre de Jesus

De dia eu planto o milho
De noite eu vendo a pipoca
De dia eu vendo farinha
De noite planto mandioca
Uma coisa vou explicando
Mulher só faz amor gritando
Quando o homem lhe provoca

Morena me dê um beijo
No lugar quem não tem osso
Que é pra quando eu ficar velho
Lembrar de que já fui moço
Quem tem amor tem saudade
Quem não tem passa vontade
Estou quase no fim do poço

No dia que eu ganhar na sena
Acabo com meu sofrimento
Trocarei o meu cavalo
Venderei o meu jumento
Vou fazer meu pé-de-meia
Construir uma cadeia
E jogar minha sogra dentro

No dia do meu casamento
O fuzuê foi danado
De um lado tinha o sargento
Do outro tinha o delegado
Do jeito que o caso foi feito
Escapar não teve jeito
Acabei mesmo casado

No embalo do forró
Ninguém fica pra trás
A pinga é filha da cana
E é neta do satanás
Uma coisa vou lhes dizer
Ninguém é capaz de fazer
O estrago que a pinga faz




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LITERATURA DE CORDEL