Vou contar uma estória
Acredite se quiser
Atravessei o Rio Amazonas
Já briguei com jacaré
De banana comi dez cachos
Somente pra ficar nos braços
Daquela linda mulher
Há duas coisas na vida
Que só matam de repente
Vento frio pelas costas
Mulher nova pela frente
Mas o que não mata cura
Só encontra é quem procura
O amor da mulher da gente
Morena, quero que você seja
A azeitona da minha empada
Quero enxugar teu corpo
Quando chegar toda molhada
Durma comigo esta noite
Lá fora o frio é um açoite
Venha ser a minha amada
Tatu mora no buraco
Índio mora na aldeia
A mulher que tanto amo
O meu corpo todo incendeia
Se seu coração fosse delegacia
Eu acho que eu passaria
Minha vida na cadeia
Quem já tomou chuva
Não tem medo de sereno
Quem foi picado por cobra
Não tem medo de veneno
Pra quem foi abandonado
Por um outro ser trocado
Tudo é café pequeno
Pra quem já enfrentou leão
Touro brabo é bezerro
Namorar uma mulher feia
Não cometo este erro
Mas se este erro eu cometer
Juro que isto vai ser
Só depois do meu enterro
Na escola deste mundo
Eu não sou nenhum letrado
Sou igual a macaco velho
Nunca dou o pulo errado
Por isso só vou a uma festa
Quando a vontade se manifesta
Ou quando eu sou convidado
Chamaram-me de caipira
E eu tenho orgulho de ser
Tenho muito gado na fazenda
E muito whisky pra beber
Tenho puro-sangue pra desfilar
Manga-larga pra marchar
E quarto de milha para correr
Quando amanhece o dia
Sempre tenho o que fazer
Namoro uma loira cedinho
E uma morena ao entardecer
Quem me ver se admira
Também quer ser caipira
Com muito gosto e prazer