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MINHA VIDA, MEUS CORDÉIS

Versos de vaquejada I

 

Não importa o cabelo
Se é liso ou cacheado
Ela faz um desmantelo
Com seu lindo penteado
Eu olho fico sorrindo
O meu coração sentindo
Que estou apaixonado

Deixa eu te contar agora
Uma coisa bem estranha
A mulher possui na língua
O maligno da peçonha
Quando ela não é séria
Deixa o rico na miséria
E o pobre sem-vergonha

Se beijo desse sapinho
Minha boca era uma lagoa
Não dispenso um brotinho
Muito menos uma coroa
Não beijo mulher casada
Porque é uma enrascada
E a vida é muito boa

Cavalo forte se chama
Mangalarga ou alazão
O vaqueiro bom tem fama
De deitar gado no chão
Aquele que usa o laço
Prende a moça no abraço
Eu chamo de garanhão

Pra que a rosa cheirar
Se o cravo é mais cheiroso
Pra que no rosto beijar
Se na boca é mais gostoso
Mas beijar uma morena
Sempre valeu a pena
Sempre foi mais saboroso

Meu chapéu é de palha
Meu chicote é de couro
Não há dinheiro que valha
Minha fivela de ouro
Todo homem acredita
Mulher para ser bonita
Tem que ter cabelo louro

Sete léguas eu andei
No lombo de um preá
Nas águas sapateei
Fiz poeira levantar
Sou banana com caroço
Sou um sapo com pescoço
Sou de quem quiser me amar

Minha terra tem subida
Pras morenas escalar
Minha terra tem descida
Que é pras loiras descansar
Minha terra tem de tudo
Por isso que não me mudo
Não saio deste lugar

Quem tem amor tem saudade
Diz o dito popular
Quem não tem sente vontade
Tem mais que se contentar
Se você casar comigo
Te darei rango e abrigo
Serei homem para te amar

Aranha mora na teia
Vigia tem sua guarita
Me perdoe a mulher feia
Mas eu amo a bonita
Acredite se quiser
Mas não posso ver mulher
Que meu coração palpita

Sou filho de fazendeiro
De prefeito afilhado
Tenho tio engenheiro
E amigo deputado
Apesar de ter dinheiro
Meu desejo verdadeiro
É ter loiras ao meu lado

Tua boca de veludo
Faz o homem enlouquecer
O dinheiro compra tudo
Só não compra o bem-querer
Me entregue seu coração
Me deixa sentir tesão
Me deixa ser teu viver

Minha luz é o candeeiro
Meu bornal é o de couro
Namorada de vaqueiro
Tem que ter cabelo louro
Daqueles que dá um nó
Que tem forma de cocó
E reluz que nem o ouro

Em casa de ferreiro
O espeto é de pau
Ronaldinho é artilheiro
Edmundo um animal
Mulher eu não rejeito
Pode ser de qualquer jeito
Para mim nunca fez mal

Morena vem me beijar
Num lugar que não tem osso
Pra quando velho eu ficar
Me lembrar que já fui moço
A mulher diz que não mente
Galinha diz que tem dente
Sapo diz que tem pescoço

Quando preso eu estou
Eu me sinto hospedado
Mas quando liberto eu sou
Eu me sinto vigiado
Se estou sem a loirinha
Ou longe da moreninha
Qualquer lugar é errado

Morena teus olhos são
Azulados como o céu
Loirinha do coração
Pra você tiro o chapéu
As duas me fazem bem
Eu não nego pra ninguém
São as doçuras do mel

Da galinha eu tiro a pena
Do peixe eu tiro a escama
Da morena eu tiro a roupa
E jogo ela na cama
Da cana tiro o melaço
Da loura tiro o cabaço
E jogo ele na lama

Arrumar dez namoradas
Querer ser um garanhão
É viver em enrascadas
Tudo pura ilusão
No final fica sozinho
Perde tudo pro vizinho
Ou então pro Ricardão

Nem tudo que você vê
Você tem que acreditar
Nunca vi manco correr
Mas já vi mudo falar
Nunca vi jacu sem pena
Mas já vi mulher pequena
Fazer um cabrão chorar

Eu tenho dois amores
Sem haver uma traição
Um mora no meu peito
Outro no meu coração
Para entender como é
Um deles minha mulher
O outro meu violão

Da palha faço o cigarro
Do milho faço pamonha
Só durmo de travesseiro
Se ele tiver fronha
Gosto de mulher perfeita
Mas qual homem que injeita
Uma bela sem-vergonha

Passando por sua casa
Espiei sua janela
Percebi que sua calcinha
Tava pendurada nela
Vendo ela sem você
Eu vou logo te dizer
Só penso em você sem ela

Gosto de jogar gamão
As vezes jogo peteca
Gosto muito de picanha
As vezes como bisteca
Mas a carne que adoro
E que todo dia imploro
É carne de perereca  


** Adaptado por mim para septilhas de versos da internet.

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LITERATURA DE CORDEL