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MINHA VIDA, MEUS CORDÉIS

Medo de ficar solteiro

Sempre que está chovendo
Esqueço meu agasalho
Quando eu vou comprar queijo
Só compro se for de coalho
Posso nadar em dinheiro
Não quero ficar solteiro
Pois sozinho me atarpalho

Quando vou me divertir
Prefiro jogar baralho
Quando era criancinha
Só brincava com chocalho
Posso até ser bagunceiro
Mas não vou ficar solteiro
Pois sozinho me atrapalho

Quando vou limpar a casa
Começo pelo assoalho
Eu só faço a comida
Sem pimenta e sem alho
Posso até ser farofeiro
Mas não vou ficar solteiro
Pois sozinho me atrapalho

Quando arrumo o meu quarto
Às vezes me atrapalho
Quando acordo muito tarde
Sempre perco o trabalho
Posso até ser presepeiro
Mas não vou ficar solteiro
Pois sozinho me atrapalho

Quando eu vou à pizzaria
Eu me sujo e me emporcalho
Um garçom sempre por perto
Para quebrar o meu galho
Posso até ser rotineiro
Mas não vou ficar solteiro
Pois sozinho me atarpalho

Quando olho no espelho
Vejo que já estou grisalho
Os cabelos estão caindo
Os que sobram eu espalho
Faço isso o dia inteiro
Mas não vou ficar solteiro
Pois sozinho me atrapalho

Nos tempos de futebol
Era sempre o artilheiro
Quando era no colégio
Sempre era o primeiro
Tudo isso é alvissareiro
Mas não vou ficar solteiro
Pois sozinho me atrapalho

Quando ainda era garoto
Tinha susto com espantalho
Quando hoje tenho medo
De todo santo me valho
Podem me chamar santeiro
Mas não vou ficar solteiro
Pois sozinho me atrapalho

Quero logo me casar
Já não sou mais um pirralho
Não quero viver sozinho
Este ano eu desencalho
Espero até fevereiro
Mas não vou ficar solteiro
Pois sozinho me atrapalho

Edimar Monteiro

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LITERATURA DE CORDEL