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MINHA VIDA, MEUS CORDÉIS

Seu José e o doutor


Senti uma dorzinha
Quando eu fui urinar
Uma cor amarelinha
Começava a se formar
Eu contei pra minha mulher
Ela disse: Seu José
Amanhã eu vou olhar

De manhã logo cedinho
Levou-me pra urinar
E de mim ficou pertinho
No ponto de examinar
Ela muito experiente
Tomou logo minha frente
Começou logo a falar

Com carinho disse assim
Você vai para o doutor
Pode confiar em mim
Não vai ter nenhuma dor
Nem precisa sentir medo
Vai sentir somente um dedo
E um pouquinho de calor

Eu fiquei logo espantado
Da conversa não gostei
De suor fiquei molhado
E no chão eu desmaiei
Acordei no consultório
Ouvindo um falatório
E aos pouco acordei

Doutor disse: Seu José
Escute o que vou falar
Fique já de quatro pé
Se não quiser piorar
Não é para ter medo
Eu vou só botar o dedo
No buraco de obrar

Vai ter que me obedecer
Fazendo o que ele disser
Você vai me agradecer
Disse logo minha mulher
Uma tristeza profunda
Um dedo em minha bunda
Seja o que Deus quiser 

O exame foi ao fim
Fiquei logo aliviado
O doutor olhou pra mim
Seu José é um danado
Aguentou até agora
Foi mais de meia hora
O tempo todo calado

Quando a casa eu cheguei
Comecei logo a pensar
Eu nunca imaginei
Que tanto iria gostar
Tudo que eu mais queria
Era ver chegar o dia
De ao doutor eu retornar

Edimar Monteiro

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LITERATURA DE CORDEL