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MINHA VIDA, MEUS CORDÉIS

Pedido de uma moça solteira aos santos


Neste mundo perdido
Onde o homem é raridade
A mulher pede aos santos
Dela tenha piedade
Eu preciso me casar
Não dá mais para ficar
Neste mundo pra titia
Dos quarenta já passei
Um homem não arrumei
Tirem-me desta agonia

O primeiro pedido
Foi ao Santo Baltazar
Meu santo me ajude
Eu preciso me casar
Quero um homem bonito
Pediu a São Benedito
Amigo de São Lavor
Que ele seja só meu
Pediu a Santo Irineu
E que “faça” com amor

Fez logo outro pedido
Ao querido São Luiz
Preciso de um homem
Que me faça bem feliz
Que ele goste de mim
Pediu a São Benjamim
Amigo de São José
E que ele seja quente
Pediu a São Vicente
Demonstrando muita fé

Pediu a outro Santo
Por nome São Guiomar
Que ele seja bonzinho
E que saiba me amar
Que ele seja fiel
Pediu a São Gabriel
Amigo de São João
Que faça bem direitinho
Pediu a Santo Agostinho
Demonstrando devoção

Atenda meu pedido
Meu bom Santo Rafael
Que ele seja gostoso
E docinho como mel
Que não seja um bundão
Pediu a São Elesbão
Amigo de São Mateus
Pediu a São Clemente
Que ele seja decente
Como uns amigos meus

Espero a sua ajuda
Amigo São Raimundo
Que seja somente meu
E não de todo mundo
Que não seja gordinho
Pediu a São Longuinho
Amigo de São Raimundo
Que me ame sem medo
Pediu a São Quevedo
E não seja vagabundo

O último pedido
Aos meus santos eu farei
Pode ser qualquer coisa
Mas não pode ser um Gay
Que “ele” esteja de pé
Na hora que eu quiser
Um pedido bem normal
Pode ser bem feinho
Bem forte ou magrinho
Porém grande seu “varal”

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LITERATURA DE CORDEL