Meu irmão Ildemar mandou-me um cordel com estes termos antigos.
Fiz umas adaptações, encontrei outros termos, transformei o cordel em versos de sete estrofes e postei.
Quem é antigo se lembra
Quem é novo vai lembrar
Quem foi que nunca ouviu
A sua mãe um dia falar
Menino deixa de pantim
Vem comer só um tiquim
Ou ao menos vem triscar
Por você esta linguagem
Aos poucos vai ser lembrado
Vai lembrar que homem sabido
Chamava-se amostrado
Cabra alto era galalau
Ou também era varapau
E que sortudo era cagado
Vai lembrar que triste
Era o mesmo que acabrunhado
E quem estava com raiva
Estava mesmo enfezado
Falador demais era matraca
Mau cheiro era inhaca
Ter pressa era avexado
Vai lembrar que coisa velha
Chamava-se cacareco
Que quando se desmaiava
Estava tendo era um treco
Dar volta era arrudiar
Demorar muito era custar
Qualquer copo era caneco
Vai lembrar que estilingue
Chamava-se baladeira
Aquele que puxava o saco
Era chamado de xaleira
Prostituta era quenga
Medroso era molenga
Caxumba era papeira
Vai lembrar que mendigo
Chama-se esmolé
Quem saía ligeiro
Dizia que deu no pé
Desconfiado era cabreiro
Matuto era beradeiro
Abobalhado era bilé
Vai lembrar que travessura
Chamava-se presepada
E que quando se cuspia
Dava-se uma goipada
Fofoca era fuxico
Desistir era pedir pinico
Empurrar era dar peitada
Vai lembrar que tentar muito
Era o mesmo que pelejar
E que rir de alguém
Era o mesmo que mangar
O carão era cagaço
As costas era espinhaço
Apertar era acochar
Tentar pegar galinha
Dizia que era ataiá
Separar uma briga
Dizia que era apartá
Doido era miolo mole
Sanfona era fole
Clavícula chamava-se pá
Quando o cara era gordo
Dizia que era cevado
Quando era magrinho
Dizia que era mirrado
Feijão dava sustança
Barriga grande era pança
Perdido era ariado
Se o cara era muito feio
Era o cão chupando manga
Se tinha um tic nervoso
Dizia que era munganga
Opinar era dá pitaco
Axila era suvaco
Ouro falso era miçanga
Quando faltava um dente
Dizia que era banguela
Quando o olho estava sujo
Dizia que tinha remela
Coceira era xanha
Negociar era barganha
Ferrolho era tramela
A frente de uma casa
Chamava-se de terreiro
Quem não pagava as contas
Chamava-se de xexeiro
A árvore era pé de pau
Caprichar era dar o grau
O último era o derradeiro
Quando estava com medo
Dizia que estava acuado
Quando o tipo era malfeito
Dizia que era enjembrado
Ferida era pereba
Coisa ruim era peba
Amassado era engilhado
Ao terminar este cordel
Agradeço ao Ildemar
Que me mandou o email
E em mim acreditar
Quem quiser que mande mais
Se achar que eu sou capaz
De outros versos rimar